Quando um filme já está eternizado dentro do coração de muita gente com personagens icônicos frases marcantes e uma história baseada em um dos maiores escritores de um país como é o caso de Ariano Suassuna é de se temer que uma sequência não esteja a altura o seu antecessor. O Auto da Compadecida 2 sequência do sucesso de mesmo nome estreia essa semana nos cinemas dirigido por Guel Arraes e Flavia Lacerde
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Desde que foi anunciado a sequência de auto da compadecida trouxe um misto de sentimentos de alegria e receio.
alegria do reunir personagens tão cativantes e o imaginário de Ariano Suassuna receio do que poderia vir já que era uma história nova que envolvia Chicó e João Grilo e a desconfiança ficou ainda maior com as primeiras imagens do longa reveladas
Era e não era Taperoá pois parecia mais artificial quase como tudo montado mais maquiado bem menos iluminado
Aquele vamos aguardar para ver se é bom mesmo
O Auto da compadecida 2 não perde a essência do primeiro ainda trás boas histórias e bons personagens adicionais porém sem a mesma força e potência que seu antecessor até mesmo por temer se arriscar de contar novas histórias que possam prejudicar o que já está marcado à mais 25 anos
Quem conta um conto aumenta o conto
Tudo é familiar os contos e mais contos mais mentiras e com adição de mais cordel ( essas aqui bem afinadas) e com um pouco de esquetes também e uma trilha com músicas brasileiras em tons e vozes proeminentes
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Não se mexe em time q tá ganhando e aqui a dupla
dinâmica Chico e João grilo está de volta com sua ótima sintonia
Nessa nova história Chicó e João Grilo se reencontram depois de muitos anos, os dois botam o papo em dia sobre os acontecimentos sobre vida e “morte” de João grilo e o depois em novos causos e aventuras
Taperoá no sertão nordestino ainda é o centro da história lá giram vários contos sejam contatos por Chicó e João Grilo como vividos pelos dois apesar de estar com menos luz mais escura, mais artificial e mais montado com cenas em estúdio e sem cenas externas como foi o primeiro e uma maquiagem carregada e por vezes parecendo estereotipada.
A menina Clarabela ( Fabiula Nascimento a muito simpática e formosa ) foi para a cidade grande mas volta a cidade do interior com sonhos e também uma ajuda do pai o poderoso Coronel Hernani ( Humberto Martins bem canastrão) que se torna um novo interesse amoroso de Chicó
Temos também Arlindo ( Eduardo Sterbilich cada vez melhor nas atuações e imitações) um cara dono de várias coisas inclusive loja de departamentos, rádio e tv que quer ser o novo prefeito da cidade disputando assim com Coronel Hernâni os votos do povo sofrido
Nesse ponto da trama o bom roteiro junto com as atuações tem uma boa dose de crítica de como funcionam a política nos pequenos municípios e de forma bem humorada (Lembrando a série Cine Holliúdy)
Temos a entrada também de um velho amigo e parceiro de João Grilo , Antônio do amor ( Luís Miranda impagável com alguns disfarces que chegam a lembrar até Eddie Murphy em Professor Aloprado)
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Nessa nova história temos retornos de outros personagens que estiveram no filme e na miniseries tais como Rosinha ( a ótima Virgínia Cavendish que preenche a tela com seu carisma e continua com ótima sintonia com Selton Mello) já Joaquim o cangaçeiro (Enrique Diaz) faz pequenas participações mais pontuais
Aqui o grande atuação continua sendo de Matheus Nachtergaele com seu João Grilo e mostrando o grande ator q ele é indo da comédia ao drama com uma desenvoltura plena
Já Selton Mello vem com um Chico mais saudosista e filosófico um contador de histórias mas ainda sim cabeludas que devido a isso a história de João grilo ainda permanece na boca do povo
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Em uma parte de seu livro de memórias “Ainda me lembro” Selton refletiu sobre como o primeiro auto da compadecida salvou ele não só pela época de antes (25 anos atrás) estar fazendo personagens complexos e mais sérios( como Lavoura Arcaica) e tendo crises existenciais, mas como a descoberta que era também um bom ator de comédia e como Guel Arraes diretor dos dois filmes viu nos dois (Matheus e Selton) a escolha perfeita para as personagens antes mesmo de ter um roteiro
Como se os dois já estivessem predestinados a ser João Grilo e Chico e serem grandes amigos
Nessa sequência tanto ele quanto Matheus parecem trazer e fazer uma reverência e uma retribuição para papéis tão importantes que ajudaram a moldar suas longevas carreiras no audiovisual e no imaginário dos brasileiros o que torna as cenas leve e cômicas
Ao mesmo tempo que a memória afetiva do primeiro filme e o auto da compadecida 2 parece ter ajudado também no processo de luto da qual ambos vivenciaram recentemente com perdas de entes queridos
E uma nova compadecida
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Uma participação especial já anunciada e também mostrada nos pôsteres e trailers foi a entrada de Tais Araújo como Nossa Senhora, A Compadecida no lugar de Fernanda Montenegro ( que não pode participar devido a sua agenda cheia) comparar as duas fica difícil porém ao que se propôs Tais se saiu bem porém o roteiro nessa questão se tornou praticamente uma cópia e repetição do primeiro filme
E as repetições e cópias de certos acontecimentos que marcaram o primeiro acabam que diminuindo o segundo que poderia ter sido um filme mais marcante, fica meio que subentendido que houve receio na hora de ousar em contar uma nova história até mesmo porque Ariano Suassuna tinha diversas histórias que poderiam ter sido usadas ainda mais quando um filme ainda é relembrando e quando se fala sobre ele ainda arranca diversos sorrisos mesmo 25 anos depois
O Auto da compadecida 2 é um bom filme não tanto quando seu antecessor porém é uma nova abordagem para as novas gerações para conhecerem o universo de Ariano Suassuna com Chicó e João Grillo
Aqui a propaganda do filme nos produtos Santa Helena patrocinadora oficial do filme que ficou ótima
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