O livro “Levante e Lute”, com depoimento de Caio Machado e fotos de Cassandra Cury, traz um amplo registro do trabalho da ONG Doutores da Amazônia
Levar atendimento médico de qualidade para todos, por mais distantes que estejam, no coração da Floresta Amazônica. Foi com essa missão — transformar o acesso à saúde indígena brasileira — que surgiu, em 2015, a ONG Doutores da Amazônia, por iniciativa do dentista e indigenista Caio Machado. Um sonho que virou realidade e já impactou a vida de dezenas de milhares de pessoas. Afinal, sem saúde não há floresta em pé.
Para contar essa história, e levar adiante uma mensagem sobre a importância de iniciativas em prol de populações em situação de vulnerabilidade, Caio, em parceria com a jornalista, escritora e editora Ana Augusta Rocha, da Auana Editora, uniu esforços com a fotógrafa Cassandra Cury e, juntos, produziram o livro Levante e Lute, um compilado de ensaios fotográficos e depoimentos que será lançado no início do quarto trimestre deste ano.
Cassandra acompanhou os Doutores da Amazônia em diferentes missões ao longo de quatro anos. O resultado é um grande ensaio fotográfico, que traça um panorama da atuação dos profissionais de saúde e do intenso e valioso convívio com os indígenas e ribeirinhos. As fotos estabelecem, ao longo das 160 páginas, um rico diálogo com o texto, um depoimento de Caio sobre as experiências destes anos à frente do projeto.
Além de ser um valioso registro do trabalho dos Doutores da Amazônia, o livro é uma grande celebração do encontro entre diferentes culturas, que integram seus saberes em nome do bem comum. Doutores e pajés, médicos e raizeiros, o objetivo de todos é o mesmo: melhorar a vida, o bem estar e buscar a felicidade dos povos da floresta.
“Sempre acreditei que nós, profissionais de saúde, temos a obrigação de ajudar todos aqueles que não têm acesso adequado a tratamentos e cuidados médicos”, afirma Caio. E os Doutores da Amazônia não poupam esforços nesse sentido: mais de 600 voluntários atuaram, desde 2015, nos oito estados da Amazônia Legal. Os números impressionam: mais de 54 mil procedimentos odontológicos, 44 mil procedimentos médicos e 186 mil medicamentos doados.
A importância desse tipo de iniciativa ficou ainda mais evidente durante a emergência global causada pelo covid-19: mais de 80 mil indígenas e ribeirinhos foram beneficiados com doações para o enfrentamento da pandemia por meio do projeto. Com as perspectivas futuras marcadas pelo avanço da crise climática, é fundamental que o auxílio às populações em situação vulnerável seja constantemente ampliado e reforçado.
O trabalho de outra organização foi fundamental para que Caio criasse o projeto. Ele atuou no NAPRA – Núcleo de Apoio às Populações Ribeirinhas da Amazônia, uma rede de voluntários que levava assistência odontológica a lugares remotos da floresta. “Ali eu tive a oportunidade de conhecer a região do Baixo Madeira exercendo a minha profissão em prol de uma população carente”, diz. “Esse projeto me inspirou a criar uma ONG, que hoje é a Doutores da Amazônia”.
O livro traz um vasto panorama visual do trabalho dos profissionais de saúde no atendimento a diferentes populações indígenas e ribeirinhas da Amazônia, ao longo de quatro anos. Este foi o período em que a fotógrafa, cinegrafista, ativista e indigenista Cassandra Cury acompanhou os Doutores da Amazônia em diferentes missões.
“Em 2013 aconteceu um encontro, que foi de muita força e ricas trocas com um pajé do povo guarani. A partir daí mergulhei em uma nova caminhada, de total entrega ao registro profundo da vida e cultura dos povos originários do nosso país. Em 2016 passei a focar mais no povo huni kuin da amazônia acreana e, desde 2019, registro os povos do Xingu e Rondônia, por conta do trabalho que realizo junto aos Doutores da Amazônia, que cuidam da saúde indígena no Alto Xingu, na terra dos Paiter Suruí e dos vários povos que vivem em terras distantes às margens dos rios Mamoré e Guaporé na Amazônia rondoniense. Todas essas experiências estão compartilhadas em Levante e Lute”, conta Cassandra.
Ainda pelo projeto do livro Levante e Lute, há um projeto pedagógico realizado junto aos jovens xinguanos do povo Kalapalo - os primeiros a serem contatos pelos irmãos Villas Boas em 1945, criadores do Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso - desenvolvido pela jornalista e escritora Ana Augusta Rocha. Esse projeto consiste em incentivar esses jovens a produzirem documentação, em vídeos, sobre sua história, cultura e os movimentos que se envolvem atualmente.
“O Projeto Pedagógico tem a finalidade de promover o encontro dos alunos da Escola Estadual Indígena Central Aiha do povo Kalapalo, no Xingu, com os alunos da EMEF do CEU Uirapuru, de São Paulo, para promover uma troca cultural e social, gerando elos e conexões entre eles. Esse intercâmbio será uma oportunidade para trazer reflexões sobre os diferentes modos de existência, reconhecer diferentes identidades e percepções de mundo, perceber as transformações que ocorrem pela interação entre diferentes grupos sociais, e sobretudo, compreender a importância de valorizar suas culturas, recuperar suas memórias para restabelecer pertencimentos”, explica Ana Augusta Rocha, sócia da Auana Editora, responsável pelos textos e edição do livro Levante e Lute.
Sobre Levante e Lute
Levante e Lute é um projeto Cultural inspirado na ONG Doutores da Amazônia, liderada pelo Dr. Caio Machado, que há 15 anos tomou para si a missão de levar saúde de primeira qualidade para os povos mais distantes, povos das florestas – indígenas e ribeirinhos da região Amazônica. Essa história dará origem ao livro “Levante e Lute”, que traz um grande ensaio fotográfico de Cassandra Cury. O livro engloba uma ação educativa entre adolescentes de São Paulo e do Xingu MT e fala sobre o encontro entre as culturas, entre os doutores e os pajés, entre os médicos e os raizeiros, além de mostrar como os povos das florestas - indígenas e ribeirinhos, recebem os cuidados para a saúde e integram esses cuidados vindos de fora, com a sua sabedoria, que vem de séculos e séculos de uso das plantas da floresta e do mundo espiritual.
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